Poder-se-ia perguntar, como surgiu paixão tão arrebatadora, que parece gerar torcedores aos quatros cantos? Olhando-se pelo túnel do tempo, as cores vermelho, azul e branco se mesclam com a figura de Alcides Santos, o maior desportista surgido no início do futebol cearense. A amplitude de sua atuação no esporte transcendeu ao Fortaleza e se estendeu a outras agremiações.

Alcides Santos fundou em 23/02/1912 um clube chamado Fortaleza. A seguir, participou da fundação do Stella Foot-Ball Club, em 30/05/1915 (Stella era o nome do colégio suíço onde estudavam rapazes da sociedade fortalezense), clube com estreita ligação com o Fortaleza Sporting Club (primeira denominação do Tricolor, que perdurou até a II Grande Guerra), fundado em 18/10/1918. Alcides Santos também estimulou e participou da fundação do Riachuelo, Tabajara e Maranguape, todos antes de 1918. Por esses e outros motivos, Alcides Santos tornou para sempre seu nome ligado ao Fortaleza em seus primeiros 20 anos de história.

Perfil

Traçando-se um perfil desse homem marcante para o futebol cearense, seria possível se dizer o seguinte: Alcides de Castro Santos nasceu em 04/11/1889, filho do político e professor Agapito dos Santos. Estudou na Europa de onde trouxe a paixão pelo esporte bretão.

Ele foi um comerciante de sucesso, sendo sócio e fundador de diversas empresas cearenses, e primeiro representante da Ford Co. no Brasil. Foi fundador da Sociedade Cearense de Filatelia e Numismática e trouxe o primeiro atleta de fora do estado para aqui jogar (Nelsindo em 1919). Foi atleta de remo do Flamengo, quando morou no Rio com o Pai, deputado.

Terreno

Alcides Santos comprou e doou ao Fortaleza o campo do Alagadiço (próximo onde hoje é a Igreja de São Gerardo), construiu o Campo do Prado (onde hoje existe o CEFET, antiga Escola Técnica) e o doou a ADC (Associação Desportiva Cearense, fundada em 23/03/1920, sob sua liderança. O estádio atual foi doado pelo ex-dirigente Carlos Rolim.

Junto com Alcides Santos, outros jovens da sociedade colaboraram com a fundação do clube e os principais nomes são os seguintes: Alcides Santos (1º presidente), Oscar Loureiro, João Gentil, Pedro Riquet, Walter Olsen, Walter Barroso, Clóvis Moura, Jayme Albuquerque e Clóvis Gaspar, entre outros.

Alcides Santos viajou a França e assistiu a um desfile comemorativo à Queda da Bastilha. Observou as cores vermelho, azul e branco da bandeira francesa e importou a idéia.

Muitos torcedores do Tricolor não sabem, mas o rei Pelé, no auge, vestiu a camisa do clube. Em 1959, Pelé e Pepe - que se tornaria técnico tricolor nos anos 1980 - vestiram o uniforme do Fortaleza por alguns minutos.

Foi no amistoso em que o Tricolor realizou contra o Santos. Pelé se destacava após o Campeonato Mundial de 1958 na Suécia. Final do amistoso, 2x2. Antes do jogo, Pelé e Pepe vestiram a camisa tricolor e deram uma volta Olímpica no velho Presidente Vargas.

Tal fato foi registrado na revista “Crak”, que circulava na época. E em 1967, o clube comemorava o campeonato conquistado naquele ano. O ponta da Seleção Brasileira, Mané Garrincha, foi convidado para a festa e veio.

Vestiu a camisa e jogou durante alguns minutos pelo Leão. Sobre a adoção do Leão como mascote, existe a seguinte versão: antes do certame de 1967, o então diretor de relações públicas do clube, Silvio Carlos, convidou o jornalista Vicente Alencar para encontrar uma motivação a mais para a torcida do tricolor.

Foi então, lançado no programa “Roteiro Esportivo”, redigido por Vicente Alencar e Paulino Rocha, o Leão do Pici, (alusivo ao bairro), dando lugar à seção, o “Rugido do Leão”. Em 69, apareceu o “Clube da Garotada”, título criado por Zé Raimundo Costa.